A adolescência é um novo nascimento

 

“A adolescência é a fase em que os piores e os melhores impulsos da alma humana lutam entre si para ganhar terreno.” G. Stanley Hall

Granville Stanley Hall nasceu em família fazendeira de Ashfiel, Massachusetts, Estados Unidos, e formou-se na Williams College, em seu estado natal, em 1867. Estudou teologia em Nova York, onde permaneceu por um ano até se mudar para a Alemanha. Voltou em 1870, estudou por quatro anos com William James, em Harvard, recebendo o primeiro título de doutorado em psicologia dos Estados Unidos. Em seguida retornou a Alemanha, para trabalhar com Wilhelm Wundt no laboratório de Leipzig. Em 1882, tornou-se professor da Universidade John Hopkins, em Baltimore, onde fundou o primeiro laboratório americano especializado em psicologia. Em 1887, lançou a revista American Journal of Psychology e, em 1892, foi eleito o primeiro presidente da Associação Americana de Psicologia.

A palavra “adolescência” significa literalmente “brotar” (da palavra latina adolescere). Na teoria, descreve um estágio distinto entre a infância e a vida adulta. Na maior parte do Ocidente, o conceito de adolescência não foi reconhecido até o século XX; antes dele, a infância terminava quando a vida adulta começava numa determinada idade – em geral, aos dezoito anos.

O psicólogo e educador pioneiro G. Stanley Hall foi o primeiro acadêmico a explorar o assunto em seu livro Adolescence, de 1904. Hall acreditava que todas as infâncias, refletiam o curso das mudanças evolucionárias e que cada um de nós se desenvolvia de acordo com o nosso “arquivo ancestral”.

Para Hall, a adolescência era como “Sturm und Drang” (“Tempestade e ímpeto”): considerava-a um estágio de agitação emocional e de rebelião, no qual o comportamento variava entre mau humor silencioso e atitudes selvagens e arriscadas. A consciência de si e do ambiente intensifica-se muito; tudo é sentido de maneira mais aguda, busca-se a sensação por si mesma.

 

 

Ecos modernos

O psicólogo acreditava que os adolescentes eram altamente suscetíveis à depressão e propôs uma “curva de desesperança” cujo início é aos onze anos de idade, atinge o pico aos quinze e, a partir daí, começa a decair de modo regular até aos 23 anos. As causas da depressão identificadas por Hall soam familiares para nós: suspeita de rejeição, falhas de caráter aparentemente insuperáveis e “fantasia com um amor inatingível”. Para Hall, a autoconsciência adolescente levava à autocrítica e à censura de si e dos outros. Até a afirmação de Hall, de que o envolvimento com o crime é mais comum nessa fase, atingindo seu ponto máximo aos dezoito anos, continua sendo verdadeira.

Mas Hall não era totalmente negativo em relação à adolescência. Para ele, a adolescência era, na verdade, um começo necessário de algo muito melhor.

Resumindo: O desenvolvimento humano é determinado pela natureza: ele repete o nosso “arquivo ancestral”. Uma criança tem tendências animalescas e passa por diversos estágios de crescimento. Na adolescência, o impulso evolucionário perde a força; esse é um período de mudanças individuais. Durante esse período selvagem e anárquico, os adolescentes ficam a cada dia mais sensíveis, inconsequentes e autocríticos, com tendências depressivas. Da criança surge então o adulto: um ser mais civilizado e “de condição superior”. A adolescência é um novo nascimento.

O Livro da Psicologia - Ed. Globo