A ÂNSIA DE TER
A ÂNSIA DE TER
Um dia desses, me peguei incomodada por causa de uma série de propagandas que passaram no intervalo de um filme. A primeira dizia que eu não poderia perder a oferta para comprar “um” carro que ia me fazer sorrir por muito tempo. Logo após veio outra, mais agressiva ainda tentando me convencer de que a minha cozinha só seria cozinha se eu fosse lá correndo comprar “aquela” geladeira e pra não deixar por menos ainda tive que ver uma marca de produtos de beleza para mulher dizer que se eu não usasse a marca dela, eu seria um “café com leite”.... Falta de respeito com o lindo e delicioso café com leite! Bem, a questão que mais me impressionou fui eu ter ficado ansiosa. Questionei-me em que momento essas situações começaram a ficar tão importantes para mim. E nessa busca percebi que a correria do dia a dia, a falta de escutar com atenção, falar com mais clareza e principalmente, andar mais devagar me colocou na necessidade de ter muitas coisas para eu ficar satisfeita. O fato é que ter e fazer coisas faz parte de nossa humanidade. É necessário e saudável também, mas não é a prioridade. A maneira como me vejo e vejo as outras pessoas e coisas é que vai determinar o quanto eu preciso ter para completar minha satisfação. Esse tipo de propaganda só confirma o quanto estamos cheios de coisas e vazios de nós mesmos. Tantas queixas sobre o cansaço, as dívidas, as dificuldades de conciliar o que ganha com o que gasta. E ainda tem mais: Há sempre uma versão melhor de cada coisa todos os dias. E quando teremos uma versão melhor de nós mesmos? Para responder essa pergunta, que tal começarmos priorizando o que realmente é importante: afetos, relacionamentos, saúde e alegria de viver apesar das dificuldades.