A inteligência individual não tem uma quantidade fixada
Alfred Binet (1857-1911) nasceu em Nice, França, mas mudou-se ainda novo para Paris, após a separação dos pais. Formou-se em direito em 1878 e depois estudou ciências na Sorbonne, preparando-se para cursar medicina. Mas decidiu que o seu verdadeiro interesse era psicologia aprendeu muito por conta própria. Em 1883, Jean-Martin Charcot ofereceu-lhe um emprego no Hospital Salpêtrière de Paris. Em 1891, tornou-se diretor adjunto do Laboratório de Psicologia Experimental da Sorbonne, ascendendo à direção em 1894. Morreu precocemente em 1911.
Binet havia estudado direito e ciências naturais antes de se envolver com psicologia. Trabalhou por mais de sete anos com Jean-Martin Charcot, no Salpêtrière, dando-lhe conhecimento profundo dos procedimentos experimentais e de sua necessidade de precisão e planejamento cuidadosos. Seu desejo de estudar a inteligência humana floresceu com o fascínio despertado pelo desenvolvimento de suas filhas. Binet notou que a rapidez e a facilidade com que elas absorviam novas informações variavam de acordo com a quantidade de atenção que dedicavam ao assunto.
Quando ouviu falar dos testes de Francis Galton, em Londres, Binet decidiu realizar ele próprio uma pesquisa em larga escala, destinada a avaliar as diferenças das habilidades individuais entre diversos grupos de interesse. Ao mesmo tempo, ele continuou a estudar a inteligência funcional das crianças, notando que certas competências eram adquiridas em idades específicas. Em 1899 Binet foi chamado a desenvolver um teste capaz de identificar crianças com possíveis distúrbios de aprendizagem, para que pudesse receber educação apropriada às suas necessidades.
A escala Binet-Simon
Nessa tarefa, Binet teve a colaboração de Théodore Simon, pesquisador do Laboratório de Psicologia Experimental da Sorbonne, do qual Binet tornou-se diretor em 1894. Em 1905, Binet e Simon já haviam criado o primeiro teste, batizado de “Novos métodos para diagnosticar níveis de idiotice, imbecilidade e retardo mental”. Logo depois, apresentaram uma versão revista, para crianças de três a treze anos de idade, denominada simplesmente Escala Binet-Simone, revista em 1908, e mais uma vez em 1911.
Os trinta testes de Binet-Simon, organizados por grau de dificuldade, deveriam ser aplicados em condições cuidadosamente controladas. Binet aprendera, ao observar suas filhas, que crianças se distraem com facilidade e que o nível de atenção é um ponto crítico para o desempenho. Binet via a inteligência como uma mistura de faculdades mentais multifacetadas e controladas pelo juízo prático, atuando num muno real e em eterna transformação.
A inteligência não é fixada
Binet ressaltou que o desenvolvimento mental progride em ritmos diferentes e pode ser influenciado por fatores ambientais. Preferia considerar seus testes como um instrumento para avaliar o nível mental em um momento específico, pois isso permitia que o nível do indivíduo mudasse segundo as circunstâncias.
Binet asseverou que as crianças “não têm uma quantidade fixada de inteligência”, mas que está se desenvolve à medida que a criança cresce e que, apesar de ter proposto uma forma de quantifica-la, nenhum número seria capaz de informar com precisão a inteligência de uma pessoa.
O “teste de QI” desenvolvido por Binet é considerado até hoje a base do conceito de inteligência. Apesar de seus defeitos gerou um volume de pesquisa que permitiu alargar nosso conhecimento sobre a inteligência humana.
Resumindo...
Testes de inteligência só podem medir... as habilidades mentais de um indivíduo em determinada hora e em determinado contexto. As habilidades variam em um curto período de tempo mudam também a longo prazo, como parte do processo de desenvolvimento. A inteligência varia ao longo da vida. A inteligência individual não tem uma quantidade fixa.
Livro da Psicologia - Ed. Globo