A vida mental começa com o início da vida
“O objetivo primordial da psicologia experimental é fazer uma descrição exata da consciência.” Wilhelm Wundt
Wilhelm Wundt (1832-1920) nasceu em Baden (atual Mannheim, na Alemanha), foi o quarto filho de sua família. O pai era pastor luterano. Começou seus estudos em uma escola católica e continuou nas Universidades de Berlim, Tubingen e Heidelberg, formando-se médico em 1856. Em Heidelberg, Wundt começou a ministrar o primeiro curso de psicologia experimental do mundo; e, em 1879, fundou o primeiro laboratório de psicologia. Produziu mais de 490 obras e tenha talvez sido o escritor científico mais prolífico do mundo.
Aristóteles afirmou que somente os humanos teriam consciência de si e seriam capazes de níveis mais altos de cognição. No século XV, o filósofo francês René Descartes afirmou que os animais não passavam de máquinas complexas movidas por reflexos. Duzentos anos depois, entretanto, quando Charles Darwin afirmou que os homens estão ligados geneticamente a outros animais e que a consciência está presente em todas as criaturas, desde as pertencentes à mais baixa escala evolucionária até nós, tornou-se claro que experimentos com animais poderiam ser bastante reveladores. Essa foi a posição assumida pelo médico, filósofo e psicólogo alemão Wilhelm Wundt. Na obra Fundamentos da psicologia fisiológica, Wundt defendeu que a consciência é uma propriedade universal de todos os seres vivos, e foi assim desde o início do processo evolucionário.
Wundt afirmou que mesmo os organismos mais simples, como os protozoários, têm algum tipo de mente. Ele é chamado de “o pai da psicologia experimental” por ter criado o primeiro laboratório formal de psicologia experimental do mundo, na Universidade de Leipzig, na Alemanha, em 1879. Seu objetivo, com isso, era realizar pesquisas sistemáticas sobre a mente e o comportamento humanos, testando inicialmente os processos sensoriais básicos.
Wundt acreditava que “o único objetivo da psicologia experimental é a descrição exata da consciência”. Ele dizia haver dois tipos de observação: a externa e a interna. A observação externa ocupa-se do relato de eventos visíveis no mundo exterior e é útil para a compreensão de algumas relações, tais como causa e efeito em corpos físicos – por exemplo, em testes de estímulo e resposta. O segundo tipo de observação de Wundt é a interna, denominada “introspecção” ou “auto-observação”. Envolve o reconhecimento e o registro de eventos internos, como pensamentos e sentimentos. Wundt interessava-se pela relação entre os mundos interno e externo, interativos, descrevendo-a como uma relação “física e psíquica”. Ele passou a se concentrar no estudo de sensações humanas, como a sensação visual de luz.
O intuito de Wundt, com seus testes sensoriais, era investigar a consciência humana em termos mensuráveis. E tinha interesse tanto em saber o que havia em comum nos relatos dos participantes quanto nas aparentes diferenças individuais.
Baseado em seus experimentos sensoriais; Wundt declarou que a consciência consiste em três principais categorias de ação – representação, vontade e sentimento – que, juntas, dão a impressão de um fluxo unitário de eventos.
Psicologia cultural
Para Wundt, o desenvolvimento psicológico de uma pessoa é determinado não só por sensações, mas também por complexas influências sociais e culturais que não podem ser replicadas ou controladas em condições experimentais. Entre essas influências, Wundt incluiu religião, linguagem, mitos, história, arte, leis e costumes, discutindo-as em Psicologia cultural, obra de dez volumes que escreveu durante os últimos vinte anos de sua vida.
A definição de consciência continua a ser discutida, mas desde a época de Wundt não sofreu alterações fundamentais. A questão fundamental – quais animais possuem consciência e auto percepção – ainda não foi respondida, mas poucos psicólogos hoje afirmariam como fez Wundt, que protozoários microscópicos estejam entre eles.
O Livro da Psicologia - Ed. Globo