Conceitos tornam-se forças quando resistem um ao outro
Johann Friedrich Herbart (1776-1841) nasceu em Oldenburgo na Alemanha e cursou filosofia na Universidade de Jena. Trabalhou por três anos na Universidade de Göttingen lecionando filosofia. Em 1809, Herbart foi convidado a dirigir a cadeira de filosofia anteriormente ocupada por Immanuel Kant, em Königsberg. Em 1833, entrou em atrito com o governo prussiano e retornou à Universidade de Göttingen, onde atuou como professor de filosofia até morrer, vítima de um derrame, aos 65 anos.
Para Herbart, a mente precisava usar algum sistema para diferenciar e guardar ideias. De acordo com seus estudos, as ideias formam-se pela combinação das informações provenientes dos sentidos. O termo que usou para ideias Vorsfellung – engloba pensamentos, imagens mentais e inclusive estados emocionais. Ideias, dizia ele, podem atrair e associar-se a outras ideias e sentimentos, ou repeli-los, como imãs. Ideias similares, como cores e tons, atraem-se e misturam-se, dando origem a uma terceira ideia mais complexa.
Contudo, duas ideias não similares podem continuar a existir sem associação. Se duas ideias se contradizem de maneira direta, “ocorre uma resistência”, e “conceitos tornam-se forças quando resistem um ao outro”. Essas forças se repelem com tamanha energia que uma delas acaba sendo expulsa para fora da consciência, para um lugar que Herbart chama de “um estado de tendência” e que hoje conhecemos como “inconsciente”.
Herbart via o inconsciente como um depósito para ideias fracas ou subjugadas. Mas Sigmund Freud enxergaria um sistema muito mais complexo e revelador do que esse e construiria os alicerces da abordagem terapêutica mais importante do século XX: a psicanálise.
Resumo da teria de Herbart: Experiências e sensações misturam-se, formando ideias. Ideias similares podem coexistir ou misturar-se e ideias antagônicas resistem uma à outra e tornam-se forças conflitantes. Uma ideia é obrigatoriamente favorecida em detrimento de outra. A ideia favorecida permanece na consciência e a ideia desfavorecida abandona a consciência; torna-se uma ideia inconsciente.
Livro da Psicologia - Ed. Globo