Conhecimento é poder
Antes de qualquer coisa vamos às definições de conhecimento e poder. Gosto de saber o que significa cada palavra, pois assim tenho o sentido mais apropriado para o que quero expressar. Conhecimento é derivação do verbo conhecer que é sinônimo de ter noção ou saber. Já a palavra poder, que também é um verbo, no contexto em que vou usar fala de possibilidade.
Tenho acompanhado algumas pessoas que estão em vários processos de mudança. Em cada uma delas vejo o brilho nos olhos quando descobrem através de nossas conversas e reflexões que elas podes fazer algo por si mesmas.
A psicoterapia como processo de autoconhecimento tem possibilitado uma série de oportunidades as pessoas que a buscam como recurso a fim de saírem de situações difíceis ou de até mesmo escolherem ficar como estão. Entretanto o mais interessante a meu ver, é quando algo (sentimento, pensamento, comportamento) que não estava sendo percebido, surge como figura central e diz de maneira muito clara o que realmente é.
Vamos a um exemplo: (O caso e os nomes são fictícios).
“Mary vem a alguns anos tentando ter relacionamentos saudáveis com figuras masculinas, mas não tem sucesso. Ao conversarmos sobre sua trajetória, ela contou de vários episódios em suas figuras masculinas de referência (pai, avô, irmão) a criticaram por não fazer algo como outras meninas da família. Enquanto ela relatava, começou a perceber que entrou em uma jornada de tentar satisfazer o homem com quem estava a qualquer custo. Qualquer custo mesmo. E como ela nunca conseguia, se sentia frustrada e acabava saindo muito machucada das relações. Mary teve conhecimento da maneira como ela foi fazendo ajustamentos para tentar se enquadrar em um padrão que não era natural para ela. Mary viu que não precisava mais tentar agradar, ela simplesmente pode ser a Mary, como ela é. Isso é poder.”
Parece simples, mas vamos imaginar que algumas pessoas do convívio de Mary já haviam percebido sua maneira de agir e até algumas já tinham dito a ela claramente o que estava acontecendo, mas Mary ainda não tinha seu próprio conhecimento a respeito de si mesma. Quem está ao lado da pessoa (inclusive o terapeuta) lida com a impotência/espera que ela dê seu próprio passo e desperte para a realidade de sua maneira de agir. Nesse momento é possível que vários sentimentos intensos venham à tona. Raiva, tristeza, revolta são alguns que geralmente acompanham o despertar. Há situações em que um processo de luto irá ocorrer e em outros, veremos a recusa em continuar o processo por medo do desconhecido.
Em todos os processos o conhecimento e o poder andarão juntos. Pois se sei o que sinto/penso/faço posso escolher continuar sentindo/pensando/fazendo igual ou entendo que tenho outras possibilidades e que elas estão disponíveis a mim.
Cada pessoa é única! Temos muito em comum naquilo que é humano, mas somos diferentes em vários contextos por que somos produtos de muitas histórias e vivências. Mas algo que todos temos é conhecimento, e conhecimento é poder. Poder ser, viver, crescer, escolher!
PS: O conhecimento é poder em várias instâncias possibilita uma rede de corrupções e atitudes maléficas contra si e contra os outros. Esse tipo de poder não é o cultivado em psicoterapia.
Bibliografia:
https://www.priberam.pt/dlpo/ Acessado em 08/03/2017 às 12:20 hs