Dormez!
"Nada vem do magnetizador, tudo vem do sujeito e acontece em sua imaginação." Abade Faria
Abade Faria (1756-1819) nasceu na cidade de Goa em Portugal e era herdeiro de uma rica família, mas seus pais se separaram quando ele tinha quinze anos. Foi ordenado padre e recebeu um convite para pregar na capela da Rainha. Entrou em pânico, mas seu pai lhe disse: “São apenas vegetais – corte os vegetais!” Faria discursou com grande fluência. Mais tarde começou a se pergunta com uma simples frase alterou seu estado mental. Faria tornou-se professor de filosofia, mas suas demonstrações teatrais do sono lúcido destruíram sua reputação. Ao morrer vítima de um derrame em 1819, foi enterrado em vala comum no cemitério de Montmartre, em Paris.
O método de promover a cura por indução de estados de transe não é novidade. Muitas culturas antigas, entre elas a egípcia e a grega, não eram estranhas à pratica de levar doentes a “templos de sono” para que fossem curados enquanto dormiam, sugestionados por sacerdotes e treinados para isso.
Frans Mesmer no século XVIII iniciou um tratamento que envolvia a manipulação do magnetismo natural, ou “animal” do corpo pelo uso de imãs e sugestão. Após serem “mesmerizadas” ou “magnetizadas”, algumas pessoas sofriam convulsões e depois afirmavam que se sentiam melhor.
O Abade Faria estudou Mesmer e concluiu que nenhuma força especial era necessária, porque o fenômeno dependia apenas do poder de sugestão. Faria definia seu papel como o de um “concentrador” que ajudava o paciente a atingir o estado mental necessário. Ele usava a palavra ‘Dormez’ e as pessoas caiam no sono após estarem relaxadas.
Em 1843, o escocês James Braid cunhou o termo hipnose com base na teoria de Faria. Mas o termo caiu em desuso até que Jean Martin-Charcot começou a usá-lo para tratar a histeria.
Resumo da abordagem de Faria:
- Um pedido ou comando gentil... funde-se à mente em alto grau de concentração do individuo... e induz a um estado de “sono lúcido” (transe hipnótico). Nesse estado, o indivíduo está mais suscetível ao poder da sugestão.
O Livro da Psicologia - Ed. Globo