O comportamento é moldado por reforços positivos e negativos

Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) nasceu em Susquehama, Pensilvânia. Estudou inglês na Hamilton College, em Nova York. Influenciado pelos trabalhos de Ivan Pavlov e John B. Watson, estudou psicologia em Harvard, onde concluiu o doutorado, em 1931, e se tornou professor iniciante. De 1946 a 1947 chefiou o departamento de psicologia na Universidade de Indiana. Em 1948 voltou a Harvard, onde lecionou pelo resto da vida. Na década de 1980, recebeu o diagnóstico de leucemia, mas não parou de trabalhar, tendo concluído um artigo baseado em sua ultima palestra no dia da sua morte em 18 de agosto de 1990.

B. F. Skinner, é provavelmente o mais popular e influente psicólogo behaviorista. Ele levou a outro patamar as ideias de Ivan Pavlov e Watson, ao submeter as teorias behavioristas a um rigoroso escrutínio experimental e assumir postura favorável ao controverso “behaviorismo radical”.

As obras de Pavlov e Watson eram suas principais influências; considerava a psicologia parte da tradição cientifica e não se interessava por nada que não pudesse ser visto, medido e reproduzido em experimentos controlados com todo o rigor. Para Skinner, a pesquisa psicológica deveria ser feita com base em comportamentos passíveis de observação e não a partir de pensamentos impossíveis de serem observados. O pesquisador tinha sobre o condicionamento diferente interpretação dos primeiros behavioristas. Skinner não discordava que se podia estimular uma resposta condicionada com treinamento repetitivo, mas considerava esse um caso específico que incluía a introdução artificial e deliberada de um estimulo condicionador. Com base em experimentos, Skinner concluiu que o comportamento é aprendido primordialmente a partir dos resultados das ações. Como costuma acontecer com outros grandes insights, esse parecia óbvio, mas foi um marco fundamental na psicologia behaviorista.

Caixas de Skinner

Nesta caixa criada pelo pesquisador, um rato era colocado dentro de uma delas, que tinha em seu interior uma alavanca especial. Toda vez que pressionava a alavanca, o animal recebia uma porção de comida. A frequência com que acionava a alavanca era automaticamente registrada. De início o rato talvez o fizesse por acidente, ou por mera curiosidade, e consequentemente recebia o alimento. Com o tempo, aprendia que a comida surgiria sempre que a alavanca fosse acionada e passava então a pressioná-la de propósito, para ganhar alimento.

Skinner concluiu que os animais são condicionados pelas respostas que recebem por suas ações e do ambiente. Enquanto os ratos exploravam o mundo ao seu redor, alguns de seus atos tiveram consequências positivas, e estas os estimulavam a repetir o comportamento. Nas palavras de Skinner, um “organismo” atua sobre seu ambiente e recebe um estímulo, o que reforça seu comportamento operante. Para distinguir esta situação daquela que envolve condicionamento clássico, Skinner construiu o termo “condicionamento operante”. A grande diferença entre os dois é que o condicionamento operante não depende de um estímulo que o preceda, mas, sim, do que acontece como consequência de sua atitude. Também se diferencia por representar um processo de duas mãos, no sentido que a ação, ou o comportamento, atua sobre o ambiente tanto quanto o ambiente define o comportamento.

Skinner continuou realizando seus experimentos, cada vez mais variados e sofisticados, incluindo neles mudanças e horário para verificar se os ratos eram capazes de distinguir e reagir a diferenças na frequência da oferta de ração. Os animais se adaptavam rapidamente as mudanças de horários, exatamente como esperava o pesquisador.

Reforço negativo

Posteriormente, as caixas ganharam uma grade elétrica que dava um choque nos ratos sempre que ativada. Isso permitiu que ele investigasse o efeito do reforço negativo sobre o comportamento.

Reforço positivo

Skinner redesenhou então as caixas para que os ratos colocados em seu interior pudessem desligar a grande elétrica pressionando um dispositivo – o que proporcionava uma forma de reforço positivo, advinda da retirada do estímulo negativo. Os resultados obtidos confirmaram a teoria de Skinner: se um comportamento ocasiona a supressão de um estímulo negativo, ocorre um aumento desse comportamento. Ele concluiu que programas de reforço positivo eram capazes de configurar comportamentos com mais eficiência.

Predisposição genética

A probabilidade de um rato ter um comportamento que resulte em um estímulo reforçador, desencadeando o processo de condicionamento operante, depende da curiosidade e inteligência do roedor, que são geneticamente determinadas. Essa associação de predisposição e condicionamento levou Skinner a concluir que “o comportamento de um indivíduo é controlado por suas histórias genética e ambiental”.

Behaviorismo radical

Fiel a à abordagem behaviorista, Skinner nomeou o ramo da psicologia que adotou como “behaviorismo radical”. Para o behaviorista radical que era, o livre-arbítrio não passava de uma ilusão; a seleção baseada em resultados controla inteiramente o nosso comportamento e, portanto, nossa vida. A aplicação de suas ideias behavioristas no aprendizado da linguagem, descritas em O comportamento verbal, de 1957, recebeu uma crítica contundente de Noam Chomsky, considerado o responsável por desencadear o movimento conhecido como psicologia cognitiva.

O behaviorismo radical foi muitas vezes erroneamente relacionado à corrente filosófica europeia do positivismo lógico, segundo a qual afirmações e ideias só têm significado se puderem ser comprovadas por experiências reais. Na verdade, o pensamento de Skinner tem muito mais em comum com o pragmatismo americano, que mede a importância ou o valor das ações por suas consequências. Segundo Skinner o condicionamento operante é um processo recíproco, no qual o organismo atua sobre seu ambiente e o ambiente reage, ocasionando resultados que na maioria das vezes moldam o comportamento futuro.

A psicologia de Skinner é aplicada hoje nas áreas educacionais e clínicas inclusive na abordagem cognitiva-comportamental que deve muito as suas ideias.

Resumos:

Caixa de Skinner – Uma ação, por exemplo um rato aperta um botão... tem um resultado, por exemplo, uma oferta de comida... leva a uma maior probabilidade de ocorrência desse comportamento e estimula a repetição da ação.

Condicionamento perante: Produz uma probabilidade maior de repetição do comportamento por meio do reforço positivo; por exemplo, liberar comida quando se aciona uma alavanca.

Extraído do Livro da Psicologia – ED. Globo

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