Watson e o Behaviorismo
Na visão de um behaviorista, a psicologia é um ramo puramente objetivo e experimental das ciências naturais. John B. Watson
John B. Watson (1878-1958) nasceu na Carolina do Sul em uma família pobre onde o pai era alcoólatra e deixou a família quando ele tinha treze anos. Tornou-se um jovem violento, mas foi um aluno brilhante na Universidade de Furman. Ao concluir o doutorado tornou-se professor na Universidade John Hopkins onde em 1913 ministrou a palestra que se tornou o “manifesto behaviorista”. Trabalhou algum tempo com os militares durante a Primeira Guerra Mundial, retornando em seguida a John Hopkins onde foi obrigado a renunciar ao cargo devido a um caso que manteve com sua assistente, Rosalie Rayner. Voltou-se para a publicidade e ainda publicou livros de psicologia, mas se tornou recluso após a morte prematura de Rosalie.
John Watson não foi o primeiro a advogar a meticulosa prática behaviorista, mas foi com certeza o mais representativo. Devido a seu trabalho sobre a teoria de aprendizagem por estímulo-resposta, Watson passou a ser visto como o “pai” do behaviorismo. Sua conferência de 1913, que ficou conhecida como o manifesto behaviorista, disseminou a ideia de que “uma psicologia genuinamente científica abandonaria o discurso sobre estados mentais... e focaria, em vez disso, em prever e controlar o comportamento”.
Watson havia estudado ratos e macacos para o seu doutorado, mas estava decidido a conduzir testes em humanos. Ele acreditava que as pessoas tinham três emoções fundamentais – medo, raiva e amor – e desejava descobrir se uma pessoa poderia ser condicionada a ter esses sentimentos em resposta a um estímulo.
O pequeno Albert
Watson iniciou uma série de experimentos envolvendo “Albert B”, um bebê de nove meses de idade. O pesquisador colocou o saudável, mas “geralmente apático e impassível”, Albert sobre um colchão e observou suas reações ao ser apresentado a um cachorro, a um rato branco, a um coelho, a um macaco e a alguns objetos inanimados, como máscaras de rostos humanos e papéis queimados. Albert não demonstrou medo em relação a nenhum dos animais e objetos e chegou até a estende a mão para tocá-los.
Em outra ocasião, Watson bateu com um martelo numa barra de metal, produzindo um barulho alto e repentino; como era de esperar, Albert ficou assustado e começou a chorar. Watson então estipulara um estímulo incondicionado (o barulho) que certamente provocaria uma reação de medo no bebê. Watson levantou a hipótese de que, associando o barulho à visão do rato, condicionaria o pequeno Albert a ter medo do animal.
Quando Albert completou onze meses, Watson realizou o experimento. O rato branco foi colocado sobre o colchão junto com Albert e, quando a criança tocou o animal, Watson bateu com o martelo na barra de metal. O bebê começou a chorar. Esse procedimento foi repetido sete vezes por um intervalo de uma semana; após essas sessões, Albert ficava angustiado assim que o rato era trazido ao local, mesmo quando não vinha acompanhado do barulho. No esquema do condicionamento clássico começou como um estímulo neutro que não suscitava nenhuma resposta especial; o barulho alto era um “estimulo incondicionado” (EI) que provocada uma “resposta incondicionada” (RI) de medo. Após o condicionamento original o rato passou a ser um “estimulo condicionado” (EC) que suscitava a “resposta condicionada” (RC) de medo. A criança foi apresentada a outras coisas brancas e peludas – entre elas, um coelho, um cão e um casaco de pele de ovelha – cinco dias após o condicionamento original Albert apresentou uma reação tão angustiada e temerosa em relação a estes quanto em relação a estes quanto em relação ao rato. Nessas experiências, Watson provou que as emoções humanas são suscetíveis ao condicionamento clássico.
A carreira de Watson foi abalada quando descobriram que ele tinha um caso amoroso com sua assistente Rosalie Rayner. Ele se voltou para a publicidade, mas continuou publicando livro de psicologia e afirmando que conseguiria condicionar qualquer resposta emocional do comportamento humano.
Criação sem envolvimento emocional
Impossibilitado de continuar suas pesquisas universitárias, Watson popularizou suas ideias sobre o behaviorismo voltando-se para o campo dos cuidados infantis. Sua abordagem baseada em extremo desapego emocional era no mínimo equivocada e potencialmente nociva, mas seus métodos foram adotados por milhões de pais, entre eles os próprios Watson e Rosalie Rayner. Para ele, a educação infantil era basicamente um exercício objetivo de modificação comportamental, sobretudo em relação às emoções de medo, raiva e amor. Contudo, não era a favor do extremo emocional oposto e opunha-se a castigos físicos. Os danos de longo prazo às crianças educadas segundo o modelo behaviorista de Watson tornaram-se evidentes apenas com o passar do tempo, mas eram significativos. Inclusive a família do próprio Watson foi atingida: Rosalie eventualmente percebeu as falhas nas teorias da educação infantil do marido.
Servindo-se dos princípios básicos de condicionamento estabelecidos por Watson e utilizando-os como ponto de partida para o seu próprio “behaviorismo radical”, o psicólogo B. F. Skinner aplicaria o behaviorismo no contexto da criação infantil de maneira muito mais positiva (ainda que excêntrica).
Resumo:
As emoções humanas básicas (não fruto de prendizado) são medo, raiva e amor. Esses sentimentos podem ser associados a objetos por meio do condicionamento estímulo-resposta. As pessoas podem ser condicionadas a ter uma resposta emocional a objetos. Qualquer pessoa, independente de sua natureza, pode ser treinada para ser qualquer coisa.
Pavlov demonstrou que, por meio de condicionamento, é possível ensinar reflexos comportamentais a animais. Os seres humanos também podem ser condicionados a ter respostas físicas a objetos e eventos. Qualquer pessoa, independente de sua natureza, pode ser treinada para ser qualquer coisa.
Nesse link você pode ver os experímentos de Watson com o pequeno Albert - www.youtube.com/watch?v=g4gmwQ0vw0A
Extraído do Livro da Psicologia - Ed. Globo